O Preço do Conhecimento
Desfrutava a harmonia
Que minha vida seguia
Um tempo farto demais
E em constante alegria
Displicente eu dizia:
-Não me entristeço jamais!
Sorria a tudo que via
A cada vã fantasia
Herança de meus ancestrais
Afoito o coração me batia
E displicente eu dizia:
-Não me entristeço jamais!
Caminhei por cada via
Que pela frente surgia
Querendo sempre andar mais
Assim o tempo corria
E displicente eu dizia:
-Não me entristeço jamais!
Eu vivi com ousadia
De tudo em tudo incutia
Belezas sempre imortais
E nos meus olhos ardia
A frase que eu repetia:
-Não me entristeço jamais!
Súbito, num belo dia
Uma angústia tardia
Surgiu em fracos sinais
Aos poucos eu conhecia
A dúvida, quando dizia:
-Não me entristeço jamais.
Tanto já me consumia
Essa dor que me doía
Sintomas quase fatais
Numa espantosa agonia
Atônita, eu quase gemia:
-Alegrar-me...nunca, jamais!
Priscila de Loureiro Coelho