O Preço do Conhecimento

Desfrutava a harmonia

Que minha vida seguia

Um tempo farto demais

E em constante alegria

Displicente eu dizia:

-Não me entristeço jamais!

Sorria a tudo que via

A cada vã fantasia

Herança de meus ancestrais

Afoito o coração me batia

E displicente eu dizia:

-Não me entristeço jamais!

Caminhei por cada via

Que pela frente surgia

Querendo sempre andar mais

Assim o tempo corria

E displicente eu dizia:

-Não me entristeço jamais!

Eu vivi com ousadia

De tudo em tudo incutia

Belezas sempre imortais

E nos meus olhos ardia

A frase que eu repetia:

-Não me entristeço jamais!

Súbito, num belo dia

Uma angústia tardia

Surgiu em fracos sinais

Aos poucos eu conhecia

A dúvida, quando dizia:

-Não me entristeço jamais.

Tanto já me consumia

Essa dor que me doía

Sintomas quase fatais

Numa espantosa agonia

Atônita, eu quase gemia:

-Alegrar-me...nunca, jamais!

Priscila de Loureiro Coelho

Priscila de Loureiro Coelho
Enviado por Priscila de Loureiro Coelho em 25/01/2005
Código do texto: T2408