PRETO NO BRANCO
Eu quero abrir a minha boca
somente na hora certa
não dizer uma coisa louca
quero uma mente mais esperta.
Quero dizer preto no branco
pau é pau pedra é pedra
o choro é choro e pranto é pranto
o telhado de vidro quebra.
Solidão é estar sozinho
mais vale um pássaro na mão
do que dois no seu ninho
e o prêmio é ilusão.
Já cheguei ao fundo do poço
digo que posso ir mais além
estou velho e já fui moço
sou mineiro ou algum trem.
Uma casa e um teto
sonhador de pé no chão
o que falta eu completo
água, vinho e um cesto de pão.
Uma reza matutina
um passeio lá no campo
tradição é uma rotina
o profano e o santo.
Sem fazer a distinção
entre o sofá e a cadeira
os dois tem uma função
o café na cafeteira.
Quero dizer a coisa certa
não atrasar, chegar na hora,
ouvir o sinal de alerta
o preço para ir embora.
Uma flor no meu jardim
eu vou sempre regar
o amor cuida de mim
só o que faço é me entregar.
Um bem me quer e um mal me quer
cada pétala do coração eu vou sacar
a sorte de ter uma bela mulher
o prazer de nunca me acabar.
Ao bater se abriu a porta
chuva cai durante o dia
a Inês já está morta
vento leva a minha agonia!
Se eu falo você se cala
no silèncio se pode ouvir
a madrugada que embala
o sono de quem quer dormir.
(YEHORAM)