Ocaso repentino

Consegui encontrar-me assim por acaso

no ocaso repentino de um pôr-do-sol

numa cidade conhecida mas estranha

reflectida de pessoas desconhecidas

isoladas, individualmente irreconhecíveis,

apressadas,

parado no meio deste nada

empurrado,

obrigado a desviar-me, mesmo olhando o infinito

vi neste deserto

grãos de areia em fúria na excêntrica tempestade

de mundos sós,

nem crianças rindo, chorando

no todo repetido.

Fechei os olhos sentindo o momento

deste reencontro fugaz

vã impressão,

entrada no repente do caminho,

esse furacão colectivo,

sorri então,

um pássaro lá bem longe procurando abrigo,

candeeiros iluminavam as ruas

pirilampos fugindo assustados,

estava no momento de seguir

sem pensar,

sem amar.