Poema para Ti - II
Habitas o silêncio dos meus olhares
Ainda que minhas mãos me delatem
Tem a saudade esta urgência desmedida
Desejosa por ser expressa, anunciada
Grafitando os muros contidos da ausência
Os dedos surpreendem a vigília dos olhos
E é teu nome que transborda na página
Deixando-se escrever nos lábios da palavra
Sobram-me ternuras, quando te digo em mim
Sobram-me vontades, quando me penso em ti
Enquanto me faltas, insinuo-me em poesias
São meus versos ressonâncias de ti
Melodias inequívocas, que te dedilham
Entrelaçando sensações e gestos
Que cedem as confissões do recordar
Apascenta-me o percorrer das minhas mãos
Pela alameda das letras, onde vou esculpindo
Horizontes apenas pretendidos e sonhados
Sussurrando e afagando as metáforas
Que nem sempre as linhas adivinham
Nada sei dessas tuas distâncias de mim
Não assimilo ou percebo esta ausência
Nem qualquer hiato no saber de ti
Guiam-se para ti os barcos do meu pensar
Quando em qualquer rota, destino-me
E sinto em mim tua boca tão próxima
Que a ânsia do meu beijo, mistura-se ao teu
Meus mapas somente conhecem os caminhos
Onde nossos olhares se unem
Em algum lugar chamado saudade
© Fernanda Guimarães