Arte de viver
Pulso dilacerado. Como espelho reflito-me
no sangue, quente, borbulhante.
Pulso arte que mina a rima delirante.
Vagueio no espaço entre traços febris.
Pulso cósmico, volátil, insano.
Embate dos sonhos: puro e profano.
Pulso ágil, obsceno, cigano
em fuga do leito desfeito, errante
pulso rítmico, mudo, berrante.
Tinjo o céu de raia escarlate
e troco o negro da noite.
E pulso semblante no pulso navegante!
Em ondas mergulho, torno-me espuma
Atinjo o vapor, misturo-me à chuva
Retorno ao porto, cais abandonado.
À deriva, corto em partes
Pulso vinho, pulso vivo
E bailo a vida. Pura arte.