impunemente

enquanto

tua boca me nega

desesperado

teu corpo

se entrega

se esfrega

se encaixa

me prende

sem me deixar fugir

enquanto

tuas palavras me recusam

teus olhos molhados

vermelhos

acesos

aflitos

se acusam

não te deixam mentir

enquanto

tuas mãos me rejeitam

as minhas te tocam

te provocam

passeiam

suaves

devastadoras

te tiram do ar

enquanto

teus dentes me ferem

teus braços me apertam

me querem

me sufocam

sem me deixar respirar

enquanto

eu durmo jogado na cama

tuas pernas

serpentes

me enroscam

aos poucos

sacanas

prudentes

arrancam meus pelos

teus sonhos

invadem meus sonhos

meus pesadelos

minha alma

meus cantos escuros

mais indecentes

com muita calma

impunemente

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 27/07/2010
Código do texto: T2402510