impunemente
enquanto
tua boca me nega
desesperado
teu corpo
se entrega
se esfrega
se encaixa
me prende
sem me deixar fugir
enquanto
tuas palavras me recusam
teus olhos molhados
vermelhos
acesos
aflitos
se acusam
não te deixam mentir
enquanto
tuas mãos me rejeitam
as minhas te tocam
te provocam
passeiam
suaves
devastadoras
te tiram do ar
enquanto
teus dentes me ferem
teus braços me apertam
me querem
me sufocam
sem me deixar respirar
enquanto
eu durmo jogado na cama
tuas pernas
serpentes
me enroscam
aos poucos
sacanas
prudentes
arrancam meus pelos
teus sonhos
invadem meus sonhos
meus pesadelos
minha alma
meus cantos escuros
mais indecentes
com muita calma
impunemente