.infinitiva.

pintou as paredes do quarto de laranja-abóbora.

forrou carpete por todos os lados.

fechou as cortinas proibindo o vento.

e deitou na cama como se fosse novembro.

pensou na ida e vinda de todas as coisas.

como é estranho deixar ir quando se quer abraçar.

como é vazio acenar de longe.

não reconhecer com o olhar.

quis ser filme em preto e branco.

gris.

simplesmente.

quis ser uma música de edith.

um corte de gabrielle.

ter o tom presunçoso que não a entediasse.

era fim de julho.

fazia frio.

a cortina voava.

o vento balançava os quadros na parede.

a realidade.

era cruel como uma manhã de segunda-feira.

a realidade.

a fez brindar aos amores fugazes.

porque achava lindo libertar.

achava poético largar.

soltar.

ser infinitiva.

Ana Maria de Queiroz

26.VII.2010

acho que voltei.

porque só voltando se pode ir embora tantas outras vezes.

Ana Maria de Queiroz
Enviado por Ana Maria de Queiroz em 26/07/2010
Reeditado em 27/07/2010
Código do texto: T2401433
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