desce o rio leva a vida
na canoa bagagens carregadas
das sementes que jamais foram plantadas.
Sementes que o amor um dia encontrou
e mofaram, esquecidas, pelo tempo...
Leva o tempo, leva a vida,
descarrega os sonhos desperdiçados pelo caminho,
pela busca desagradável da pressa,
agora é tarde demais... Devolva o tempo
mas o tempo não volta atrás...
Leva a vida, leva o tempo,
leva a espera do barqueiro,
na contabilidade das horas vão-se dias preciosos,
que não param pelos desperdícios de tempo,
onde a vida passou, pela força, do braço do barqueiro...
Traz a vida, busca o tempo,
onde ainda existe o tempo,
que num momento estanca a areia
e deixa de escorrer pela margem da vida,
em vislumbre do reflexo
da imagem que brilha na correnteza
e reduz a força do remo, corre manso,
segura o amor e diz que o ama...
Traz a vida, para o tempo,
a alegria do momento das sementes que brotam,
em dias preciosos, um por vez,
vividos pelo tempo ao tempo da correnteza
que escorrega o barqueiro
em direção ao destino que o sol brilhou,
que o tempo encontrou,
e não naufragou no medo de ser feliz,
no reflexo que venceu o tempo da vida,
do barqueiro, que acreditou no amor e o tempo voltou.. .
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