Sombra libertina
Ao longe, na rua deserta
uma sombra no chão se firma
o Sol, o Céu e a Terra
sorriem para a tal libertina
que dança no asfalto, sem preocupação
os movimentos são poesia
a mais pura do coração
e seu dono, que viu que o Sol
para a sua sombra sorria,
pôs em movimento novamente
a querida sombra libertina
e a Manhã suspirava, e consigo dizia:
A libertinagem é o raiar
de um novo dia.
Deus abençoe essa sombra libertina!
Mas os homens que eram conservadores
e não viam a beleza da vida
(pois em suas vidas não havia amores)
censuravam a dançarina.
Achavam que a sombra
só por ter alegria
afrontava o universo róseo
que alguém um dia construíra.
E o Sol, o Céu e a Terra
com a Manhã concordavam, que dizia:
Deus abençoe essa sombra libertina!
E a sombra e o seu dono
não pararam de dançar
no asfalto das ruas às doces melodias.
E as Árvores, o Campo, o Verde
concordavam com a Manhã, que dizia:
A sociedade precisa
de mais sombras libertinas!