Sopro de água

Minha pena dança sobre o alvor do papel

e nas palavras encontro o meu refúgio;

tirando dos meus olhos todo o pranto,

afogo-me de novo em um mar turvo.

Oh, pobre sofrimento inconstante,

que me mata e me deleita como a uma rainha,

pois, se da dor tiro eu esperanças,

de teu ventre geras alegria!

E somente quem se empenha, de todo,

na graciosa arte de escrever

sabe que o lodo pode ser perfume

ao mesmo tempo, mas a diferente ver.

E esta abundância que explode em minh'alma,

de belas rosas de emoções distintas,

dá-me sempre uma fugaz certeza:

hei de ser eternamente serva e rainha.

Isabela Escher
Enviado por Isabela Escher em 26/07/2010
Reeditado em 26/07/2010
Código do texto: T2400585
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