MADRUGADAS


Ah, as madrugadas...
Perfumes antigos de carícias antigas roubam-nos o sono...
O ar falta porque a angústia sufoca...
Porque a solidão perturba o sossego...
Nutre a loucura,
Cristaliza a tristeza...
O pensamento voa sem rumo
(e sem lógica).

Que somos nessas madrugadas sós?
Em que o silêncio é mais silêncio,
Nunca acorda?

Ah, as madrugadas...
Os sonhos se lançam às ruas
Qual tropel de cavalos alados, em vigília...
Correm, criam magia, ilusão,
Libertam os desejos,
Céleres, desembestados!
Sonhos confusos mas esperançosos
De que vinguem ao nascer do dia...
Aspiram a nascer flores no jardim.

Ah, meu inventário de lembranças...
Que escrevo nessas madrugadas,
Densas e esquizofrênicas,
Fosforescentes de neblina,
Mas belas! Voluptuosamente belas.

Deito-me no ventre delas...



Imagem: Lia_ro21
KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 25/07/2010
Reeditado em 30/07/2010
Código do texto: T2399236
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.