Sedução (para os namorados)
Tivesse eu
como me dar,
em tela, teclado ou tato.
Tivesse eu mistérios
que te fizesse correr impérios,
astrólogos, oráculos.
Tivesse eu o belo
que ultrajasse o correr das horas,
ultrapassasse o tempo,
sem erros, sem eras.
Tivesse eu o manto negro
das mulheres do Irã,
ou o sorriso malicioso
das jovens de Amsterdã.
Assim mesmo apagaria as velas
e, em meio à embriaguez
do vinho e do desejo,
clamaria por tua voz,
por teu corpo teso;
por tuas mãos
que, com sabedoria, me despem
(do que sou ou não)
e me seduzem...
reduzindo-me apenas
ao que no momento interessa-me:
ser tua.