R A S T R O S de p o e s i a . . .
“O que é escrito sem esforço em geral é lido sem prazer.”
Johnson, Samuel
Sei que minha poesia é fraca de cerne.
Sei do seu peso e dos vermes inseridos
na madeira anêmica dos meus poemas...
Mas, até os vermes cursam, se espalham.
A maioria dos meus versos carrega um
enorme desespero sobre os seus lombos.
Daí que andam sempre de cabeça baixa
e com olhar de carência pelos caminhos...
Minha poesia não quer ser aplaudida.
Não quer trilhar por caminhos floridos;
quer apenas agitar o sangue nas veias
e brilhar olhos entristecidos dos leitores.
Minha poesia não tem a determinação
das mulheres audaciosas do Nordeste;
nem tão pouco a subserviência dos olhos
daqueles irmãos na fila do Bolsa família.
A minha poesia quer apenas entrar pela
janela dos seus olhos; quer o colo quente
do seu coração; quer saltitar na juventude
eterna que há nos olhos dos inconformados.
Entre os pedaços de meus poemas gorados;
sem rastros e sem vida, há, alguns, que se
publicados trariam luz nos olhos. Sei que
fariam carícias em leitores despercebidos.
Sei que meus poemas não causam tempestades.
Sei do sabor insosso, o vazio que trás nas mãos;
Mas, se souberem, por entre as teias distendidas
poderão sorver partículas tímidas de um encanto.
Minha poesia tem um cheiro de coisas antigas.
Tem um olhar tímido e comportado, tem pouco
de mel e nada de céu; tem uns nós, poucos prós
e tantos contras; mas assim mesmo deixa rastros.