SERPENTE SÓ MENTE
Serpente, por que ris de mim;
Pensava que eras real quando me fitavas,
E não fosses os fósseis de outras eras.
Por que mentes?
Se só existes porque te quero aqui na minha mente,
Basta que eu mate em mim a tua semente
E ser somente só mente,
Para que eu possa dar o início do começo do fim.
Bem que te quero, mas saiba que não me desespero
Por tudo que estou e não sou... Eu espero.
Os erros das eras de Eros anelaram elos paralelos;
Hoje, o espectador atento e com esmero,
Perceberá que tudo o que eu sinto é sincero
Mesmo que eu me engane no engano,
Todos os meus venenos e o meu mel
Eu bebo, sorvo e sem medo os te revelo.
Serpente, não lembro dos meus antecedentes
Porque antes tão cedentes,
Agora já não chacoalhas os teus sinos quando queres me tocar.
Sedento de paz me arrebento,
Pois tenho sede, sedes tu, e cedes já.
Por que não mostras o que sentes?
Teu mel e meu veneno
Quem sabe possamos brindar?
Passou-se o passado,
Presas o presente,
Há muito há de vir,
Há muito de se resgatar.