O BEIJO


A fome insistente
Tão logo se acaba
O homem desaba
Se curva, se arrisca
A amante fica
Séria, encabulada

A pele encrespada
A saliva ardente
O peito fremente
Cai o céu por terra
Começa a guerra
Nasce a semente

Um soluço exala
De cada coração
Fígado e pulmão
Não mais se entendem
Ao cosmo ascendem
Juntos lá estão

A dura conquista
Do flagrante ardor
Sede e fervor
Não vencem o cansaço
E as bocas num traço

Desenham o amor.