Outrora, infância

...pequenas memórias em lembranças soltas

pequenas vitórias:

minhas sobre a história;

das parcas memórias,

esparsas,

sobre mim.

Estranho o caos que se revela em meu peito -

tremo por inteiro,

revivo,

sinto o cheiro, o sabor da lembrança,

a velha infância em parcas memórias.

Outrora,

fui feliz.

Na lembrança caótica,

revivi,

com uma intensidade insana,

de choro interno,

de lágrima quente,

de corpo todo,

minha alma canta,

meus versos se inflamam de mim.

Sei não se é assim,

sei que foi.

Os meus...

outrora aqui,

hoje, sabe-se lá,

não voltam mais.

Foram-se. Desatracaram do cais,

levaram minha paz,

deixaram-me solto,

flutuante e sem sono,

perdido em sonhos,

escondidos em mim.

Sei que foi assim...

Memória falha,

chora junto comigo,

junto cacos e sinto o brilho,

de tudo que se refez,

compilando fragmentos,

dentro de mim.

Sorriu o menino perdido,

outrora escondido,

agora em lembranças e lamentos,

rememora a verdade,

vive eterno sofrimento

...

Ah! Como seria bom parar o tempo,

voltá-lo,

senti-lo inteiro.

Como seria bom tê-los eternos,

não como outrora,

mas o da memória,

reelaborado,

inflado de paixão.

Mas o tempo diz não.

Diz, ainda, que tudo se foi,

não volta, não.

Solta sobre mim tensão,

faz fugir o chão,

deixa-me angústia.

Sem ser percebido,

lamentos saem de mim em cantos,

sob balbucias, soluços;

saem rememorados,

em prantos,

com sorriso de canto,

que mesmo estranho,

sai feliz.

Pequenas memórias em lembranças soltas,

pequenas coisas,

que afetam a mim,

que fazem sorrir e

fogem no fim.

No momento fugaz,

por triz,

vivi feliz,

mesmo o caos rodeando,

por dentro e por fora,

desconstruindo o plano,

expurgando daqui parcas lembranças,

confusas,

mando-as às entranhas.

Por fim,

ninguém mais saberá de mim,

não se verá o fim,

enquanto, aqui,

volto às ruas sem saída,

às lembranças nelas escondidas,

que só pertencem,

em fragmentos,

às parcas memórias

que em lembranças esparsas

disseram, hoje como outrora,

muito de mim.