Sofrimento
Descrever a doce mágoa desta vida
Do que fel de algo morto é mais amargo
Mais que a dor de uma cicatriz despida
Descrever a doce mágoa desta vida
É tão seco quanto dum cigarro um trago
A beleza para mim não é tão bela
Pois o belo de tão belo ficou fraco
Nem a luz tão cintilante duma estrela
Alcançou as profundezas do buraco
Do buraco situado numa mente
Que não luta, realiza ou raciocina...
Com espaço confiscado e dormente
E tão frio quanto a carnificina
Luz solar, luz lunar, luz elétrica...
Qualquer Luz, tendo luz há claridade...
Nem burlando a pura perfeição da métrica
No versar eu encontrei felicidade
Descrever a doce mágoa desta vida
Do que fel de algo morto é mais amargo
Mais que a dor de uma cicatriz despida
Descrever a doce mágoa desta vida
É tão seco quanto dum cigarro um trago.
28/06/2005
Registro n° 498.019; Livro: 942; Folha: 185