Realidade irreal...
Atrás do saco de cola
há um rosto de criança
que prematuramente perdeu a esperança
e vive fugindo de lembranças, que não se apagam
Parecem feitas por vingança
Atrás do saco de cola... não existe amor
O que chamamos de carinho,
talvez nunca tenha passado nem perto
A fome se esconde entorpecida...
Acuado e com medo fica o dono que a carrega
Atrás do saco de cola
também existe um pouco de alegria
fruto alucinado do momento eloqüente
impregnado na mascarada fantasia
Mesmo assim, atrás do saco de cola
ainda podemos ver um sorriso
Achar alguém prestativo
que não quer nada em troca,
além de um abraço ou um amigo...
Estenda sua mão
Empreste um pouco de afeto
Não seja desumano
disso o mundo já está repleto
Pense, nem sempre na vida
as pessoas são como querem ser...
Atrás do saco de cola, há sempre uma vida
Um estranho... que poderia ser seu irmão
sua irmã, ou até mesmo você...
Mas se tivesse oportunidade poderia
ser alguém impotante / Quem sabe virar Presidente...
Certamente não escolheria
essa mísera vida de indigente
Atrás do saco de cola
existem várias vidas inocentes
que se tornaram inconseqüentes
Elas continuam... as vezes maldosas,
porque a vida com elas é rancorosa
Atrás do saco de cola... existe a criança
que não pediu pra nascer
Pobre humilde, de pé no chão
roupinha rasgada... com fome
e as vezes de arma na mão
Atrás do saquinho de feira, com cola
Existem lágrimas... Sofrimentos,
noites mal dormidas e ao relento
Já não há forças nem coragem
prá humilhante tarefa de pedir esmola
Eu sei que a culpa não é só minha,
nem sua, ela é nossa
E nós seguimos, alguns com escrúpulo...
Outros sem escrúpulos...
Mas todos se achando cidadãos
Vivendo mergulhados em interesses
que no final só levam a solidão...