Altar

O altar impediu fosse imolada nossa paixão;

Protegeu-nos de nossos desejos.

A paixão só existe enquanto sombra:

É represa, desejo, distância, ilusão, futuro.

Os anseios são sonhos dos limites.

Só os mortos, essas sombras, são dignos de paixão.

Tentaria a qualquer custo sacrificar a paixão.

Cheguei a colocá-la no altar e preparar cutelo,

Com o qual pretendia matá-la.

Porém o altar ganhou vida

E a salvou do meu cutelo atrasado, fraco, covarde.

Ainda bem que sou mulher:

É mais fácil esconder-me nas sombras

Da fragilidade e da passividade.

Se eu fosse homem nunca me perdoaria.

As paixões precisam ser imoladas.

O cutelo que não fere a paixão,

Acaba ferindo o covarde.

Eternamente.

Fernanda Sier
Enviado por Fernanda Sier em 23/07/2010
Código do texto: T2394479
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