Inspirai
Inspirai-me ó musa.
Lançai cupido certeiro à seta,
E deixai vislumbrar esta alma confusa
A Arcádia recôndita dos poetas.
Evoco as nereidas do Egeu,
Evoco Zeus, deus sempiterno
Evoco Satã Trimegistro
Hades e Cérbero, vigia dos portões do inferno.
Contra toda a tradição, levanto-me contra a métrica fria.
Faço poesia em prosa,
E proseado torna-se poesia.
Vate, carregue ainda o seu fardo
Que não canto o sublime e sim a alegria.
Puerilidades, futilidades,
Maledicências, o dia a dia.
Cale-se o prolixo e o parnasiano,
Chega de verborragia.
Não a crítica mítica.
Não ao crítico típico.
Não a imprensa tísica.
Não ao academicismo sifilítico.
A mesa já está posta.
Imolai à vítima,
Afiai o cutelo.
Há de triunfar o vermelho sangue,
Soerguerá na haste e tremulará triunfante
A foice e o martelo.