Quem irá apiedar-se...
Quem irá apiedar-se
Da desventura e do desalento
E dar descanso ‘inda que na morte
Para esta alma que vive em tormento?
Rompeu-se o invólucro sagrado
Um gemido, um grito e o desencanto
Perdido a vagar entre os condenados
Por sendas tortuosas sufocando o pranto
Reivindico apenas o direito
Do nosso leito sacro e santo
De sorver o néctar de seus beijos
De gozar de seus angelicais encantos
A solidão, o desterro e esta vida que me enfada
São preferíveis ao seu desamor
Se for para não possuir-te anjo e fada,
Antes a solidão, a morte e o nada.