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A palavra está em mim.
Sai de mim frente a ti
e enfrenta-te.
Contenho-a em mim
em sons e cores,
sabores e imagens
que sentes te penetrando.
Mãe dela, eu a protejo
das incultas mãos e olhos
para os escolhidos
a germinarem
de prole vasta e bela,
de fantasia-vida-amor,
de real-sonho-ódio;
morte-eternidade-esquecimento,
pavor-coragem-loucura-lucidez;
uma plenitude de um tudo-todo
ingênuo; uma neutralidade,
parcialidade-indiferente
de um viver-conjunto,
de um nada-tudo…
Falo muito.
Não me apagues a palavra.
Sem rosto ficarei,
um cara sem rosto,
uma surda voz,
um olhar cego-mudo
incensível a tudo,
um gosto de nada
no sentimento-já-ressentimento,
no vácuo eterno de um branco.