A uma pastora

Qual um pastor arcádico

alimenta o sentimento da terra,

no ato de apascentar o rebanho

na solidez maleável

da verde pradaria,

e no ato de aspirar o puro ar

na concretude pedregosa da montanha,

aliando a isso

ritmar palavras amorosas

à doce pastora sua,

murmurando-as ao seu ouvido,

nascidas elas da transparência

um tanto lacustre

das águas dos ribeirões,

espelhando a fugacidade

diáfana das nuvens lá no céu,

Sim, qual esse pastor,

também eu

-- não tão bem como o Poeta Pablo Neruda --

desenhei estas palavras,

na esperança de também

despertar minha pastora

-- de seu sono macio --

com este poemeto que,

quisera, tivesse a ternura leve

de um beijo cálido.