DIA DE ROTINA

É inevitável o bocejo da manhã
Lembrando-me que mais uma vez,
Há um começo
Apreço o passo, cruzo esquinas
Enfrento a ânsia matutina

Vou chegar, a algum lugar
Algum dia
E quando chegar, vou deitar
E curtir o dia

É impassível o meio dia
Meio fome, meio agonia
Chamando-me a existência,
Que ainda tem que suar por mais um tempo
Bebo e como monocromático
Estou quase no piloto automático

Vou chegar, a algum lugar
Algum dia
E quando chegar, vou deleitar
A pasmaceira em rebeldia

É impenetrável a tardinha
Arde como água oxigenada
Na ferida
Luto contra o ponteiro, este vilão
E espero o gozo enfadonho,
do fim do dia
vou decorar o roteiro da saída
e vou dançar, com meus patners
Pelas calçadas aturdidas

vou chegar, a algum lugar
algum dia
e quando chegar, vou delinear
corações em meio a nuvens bailarinas

É insuportável a noite prostituta
ela me sacode e me bolina
e depois me oferece aspirina
quero o sexo, quero o etílico
quero qualquer pelada na tv
e o que restar de meu âmago
jogue na cama a mercê
da insônia debochada

e se eu não chegar, a algum lugar
algum dia
vou desfolhar, pra rememorar
os meu idos de monotonia

e quando cerrar meu olhos
no ultimo ato desta pantomima
não haverá mais manhã sonolenta
não haverá a fome mediana do dia
nem a tarde enfadonha
nem a noite peregrina

e eu vou chegar, a algum lugar
e neste dia
vou implorar, chorar, rogar
pra que haja só mais um dia
de rotina.

Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 22/07/2010
Código do texto: T2392189
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