Na penumbra.
Ouvi a aurora aproximar-se,
no canto do galo.
A manhã nasceu, no aboio
do vaqueiro.
Nas azas brancas das garças.
As sombras se desmancharam.
No canto do curiango,
a madrugada pendeu.
O dia surgiu.
No curral vage o bezerro.
Entre as montanhas o sol,
Dourado,
um camafeu.
Vai desfazendo os orvalhos
que a madrugada chorou.
Contas de luz penduradas.
Na teia que a aranha teceu.
Nas penumbras deste quarto.
Um sonho que não morreu.
No meu coração teu encanto.
Nesta cama, tu e eu.
2003 Imigração.