Na soleira das nuvens,
o vento beija meu rosto.
O carinho ligeiro, faceiro
me faz esquecer, por inteiro
o sabor do desgosto.
E o sonho distante, esquecido
renasce e volta, quando a alma se solta
ao afago sentido.
E eu fico escondido na soleira e no vento
viajando perdido, com meu pensamento.
Mas foi só um momento,
e a janela fechou,
enclausurou... minha alma em tormento.
E minha voz, que era quase um lamento
foi todo o alento
que eu pude sentir.
Vendo as nuvens partir.
Sem mim.