PESADELO

As noites de dezembro chegam com suas tempestades,

Relâmpagos, sombras, monstros nas paredes, pavor,

Em profundos longos sonhos inacreditáveis,

Sugando das incautas têmporas, a face do horror,

Os gritos agudos gelam os ossos dos mortais,

Como se uma carruagem do inferno chegasse,

Cavalos com olhos de fogo e alturas descomunais,

Legião de demônios procurando porcos, para num abismo atirar-se,

Estou imerso em um pesadelo sem volta,

São inúteis as tentativas da consciência pra,

Escapar das garras do absurdo mundo que me envolta,

Homens invisíveis me seguram, força maior me encontra,

A luta é sufocante sobrenatural como a hora final,

A voz é muda, o grito é surdo a força é nada,

Só há o desespero pela fuga mas ninguém vê meu sinal,

O choro é mudo o quarto escuro a fé é nada.

Um homem surgindo da noite como a sombra de um vulto,

Em fino traje negro pergunta-me: “- já esteve num hospício”?

Mas nada saía, das palavras pronunciadas saía a voz de um defunto,

Uma corrente elétrica circula meu corpo, mas nada nota meu suplicio,

E a carruagem leva-me as profundezas do inconsciente,

E o vulto permanecia em sua pergunta:

“- As chamas do inferno levantadas por Nero na antiga Roma, incandescente!

Diga-me seria difícil acreditar que ele estava doente”?

Meus olhos tremiam com as gargalhadas das criaturas da noite,

Era morrer ou aquele interrogatório macabro da vida noturna.

“- Estive em muitos séculos matando reis pisando em tolos

Comprando as almas dos ávidos por poder, quanta bobagem!

De que serviu a agonia na cruz, e as lagrimas, até hoje um mar de choros,

Se ao final pedem a mim a encurtar sua infeliz viagem.

Todos dizem que eu mato as pessoas boas,

Inferno! Não fui eu que criei a morte foi o Deus de vocês!

Não tenho culpa de serem feitos com a fé tão pouca!

Mas pela vida que levam, a morte é um alivio cortês.”

“- Lembre-se que não passam de uma diversão para os invisíveis,

E como tudo tem dois lados, mas vai dar sempre no mesmo lugar,

Assim como todos os engravatados são criminosos, todos os santos são infiéis, me chame de lúcifer.

E quando eu voltar esteja totalmente entorpecido, seja de vinho de poesia ódio ou amor, eu vou te procurar,

Esteja bem vestido seja simpático, não economize sua fé.

Pois se hesitar novamente na minha presença, sua alma vou levar.

Sabia que a fome existe não por falta de comida mais por falta de talher!

Há, as coisas são tão simples infiéis. Diga-me já esteve num hospício, viu a vida naquele lugar”?

Acordo com a chuva molhando-me o rosto, o corpo, totalmente tremulo,

Estava no centro de uma praça publica nas chuvas tempestuosas de dezembro,

Correndo como um louco sentia o timbre daquela voz tocando-me o fígado,

Ruas molhadas, longe de casa, como fui parar ali? Não lembro.

A realidade é um pesadelo terrível nas chuvas torrenciais da noite,

E o demônio se envergonhou novamente ao ver a bondade e a ternura, o quanto era terrível tudo isso!

E os gritos da noite podiam ser ouvidos, podia ser sentida a minha sorte,

E um último grito enlouquece-me: ”- Infiel! Nunca esteve num hospício!...”

Tomb
Enviado por Tomb em 20/07/2010
Reeditado em 20/07/2010
Código do texto: T2389545
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