MÉRCIA NAKASHIMA
Dorme o bicho saciado
Da fome do pecado
Dorme o monstro da humanidade
Em carne, osso e sangue
Dorme o sono miserável
Dentes de sabre
Garras são as suas mãos
Inferno d’alma
O fogo reclama
Indigna coisa que existe
Se move
Come da terra os frutos
Pisa o pó do chão
Assusta feras
De onde surge
De quais esferas
Este amontoado de abjeção
Algo assim tão imundo
Que do sangue de uma jovem
Suja o mundo
Este poema é dedicado à lembrança da jovem advogada, MÉRCIA NAKASHIMA, uma mulher, vítima de um crime para o qual os adjetivos TORPE e HEDIONDO não traduzem o pavor que nos abate. Eu senti este texto por ter visto as supostas fotos de seu corpo inocente e morto. Volto a lembrar da frase que afirma que se deve ter cuidado ao fazer chorar uma mulher, pois Deus cobrará cada uma de suas lágrimas.