As páginas...

Soluços... Solidificados os sonhos... Moldo-me ao que o Universo demanda...
Andarilha... Versos designados... Prosas e construções.
Vento soprado, pelos caminhos que dita o coração.
Deslizo pelas frestas... Não sou mais do que a casca arrastada.
Percorro as estradas, de um dia qualquer... Voo para onde não tenho morada.
Desfiz-me... Disse ao verbo todo detalhe... Cada dia feito em muralha.
Esperança em forma de desespero... Um chamado... Antes que a luz em mim se apague.
Aguardo, em páginas que um dia morrerão comigo... Algumas linhas que ainda não escrevi.
Rasguei-me inteira... Senti-me tão pequena... Retirei cada defesa.
Agora, acalmo-me para sempre... Componho-me... Cada célula em lugar destinado.
Eu vi, em olhos desviados... O que minha boca nunca diria...
Mais um ventre... Perdido em ilusão.
Ah!... O vento sopra em círculo... Rodopio... Amarro-me em minhas tranças...
Sou vento leve... Entrego-me ao precipício das páginas delineadas.
Um dia, resta-me.
Enquanto a chuva brinca em peito... Posso ser tudo... Acreditar que o sonho existe... Criar as pétalas que deslizas em meu umbigo.
... O dia ditará o meu futuro...
Como são iludidos os meus arrepios... Mas, somente a mim cabe esse juízo imperfeito.



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