Procurando Rastros...
Enquanto os verbos rastejam no meu inconsciente prevejo o futuro de gente descontente que percorre as intrigas do meu dia
Rastreando o desconforto que me causa o sol poente de não saber o que virá amanhã, perscruto corações e mentes
Enquanto os dedos vão se movendo no poema, uma pausa... Letargia. Eu recorro ao dicionário das minhas memórias folheando as páginas do meu subconsciente
Revelando a dor da perda por não lembrar dos versos feitos noutro dia, das vagas lembranças apenas rastros gastos de uma rima que foi embora, que agonia!
Enquanto teço as idéias perdidas percorro léguas do Ocidente ao Oriente, vou feito areia que sopra o vento, procurando o que eu nem mais encontrar queria
Lamentando pelas rimas perdidas no oásis de minhas palavras mortas e gastas, palavras rôtas nas rotas tortas e conseguidas à duras penas de quem não lembra, de quem não pensa, só fantasia
Enquanto corro no desalento da tormenta que é minha mente regrido ao passado, um gole eu trago, descontentamento impaciente
Jogando as folhas amassadas, com rabiscos inusitados, desenho traços mal esboçados do que quero escrever, mas não conseguia
Por que procuro rastros do meu passado, das novas e velhas e tolas poesias?
Eu sento, eu penso, eu bebo, eu trago
E nada vem, apenas vêm nas asas de quem eu não conheço e nem reconheceria
Se dissesses: - Nessas brancas folhas, escreves!
Eu atônita nada escreveria...
Pois procuro rastros do que eu não fiz, nem faço
Que é colocar nas folhas, um pouco das minhas parcas melodias
Eu paro, eu penso, eu me atormento
E no fim, entendo, que apenas sou
Para sempre poesia!
...Para que procurar rastros do que dentro de mim já acho, as rimas soltas que se agrupando darão sempre poesia...