Chover

Daqui, observo o tempo

Nuvens preguiçosas circulam,

Sobre as árvores, em plena má vontade

de chegar.

Para onde irão as nuvens pequeninas,

A fugir, em debandada,

Quererão banhar o mar?

Ouço o canto pequenino

Do passarinho aflito,

Pelos ares, a gritar:

Chuva a chegar! Chuva a chegar!

De repente, tudo escurece,

magicamente, vejo nuvens se moverem,

Nervosas, teimosas, a enfurecer

E o vento silencia... tempo a escurecer,

Vai chover!

E vem, então, a trovoada,

Tambores do céu, a expandir-se,

Grossas gotas, no ar

E a minha infância, aos meus pés

velozes, molhados, a correr

Está a chover!

As ruas e as poças d'água,

As gotas no chão, a estalar

Delícias... as bicas explodindo água

translúcida, doce... a chuva

E a minha infância molhada

De chuva, risos e desejos

No coração, a chover,

Sonhos, no peito, a germinar.

Otelice Soares
Enviado por Otelice Soares em 19/07/2010
Reeditado em 19/07/2010
Código do texto: T2386712