Chover
Daqui, observo o tempo
Nuvens preguiçosas circulam,
Sobre as árvores, em plena má vontade
de chegar.
Para onde irão as nuvens pequeninas,
A fugir, em debandada,
Quererão banhar o mar?
Ouço o canto pequenino
Do passarinho aflito,
Pelos ares, a gritar:
Chuva a chegar! Chuva a chegar!
De repente, tudo escurece,
magicamente, vejo nuvens se moverem,
Nervosas, teimosas, a enfurecer
E o vento silencia... tempo a escurecer,
Vai chover!
E vem, então, a trovoada,
Tambores do céu, a expandir-se,
Grossas gotas, no ar
E a minha infância, aos meus pés
velozes, molhados, a correr
Está a chover!
As ruas e as poças d'água,
As gotas no chão, a estalar
Delícias... as bicas explodindo água
translúcida, doce... a chuva
E a minha infância molhada
De chuva, risos e desejos
No coração, a chover,
Sonhos, no peito, a germinar.