Soneto para Ana C.

Aos teus pés pouso os cacos, mostro os danos

A vida tornou claros nossos medos

Nas rugas vão-se os dias, rasgo os planos,

Foram-se meus enganos, vãos segredos.

Aos teus pés, eis os restos do tirano,

Orgulho ditador, letal enredo

E quando a dor conforta o mais humano

A culpa nascerá deste degredo.

Quem diz haver vencido nesta luta

Sabendo que seu par é seu algoz

Vencer? No entanto, a glória te refuta,

Sofrendo do pesar de haver vencido

Assim, guardo o silencio mais feroz;

Aos teus pés, qual de nós fará sentido?