Ingratidão

Será que uma balança conseguiria pesar minha ingratidão?

Minhas reclamações mudas e latentes?

A falta de sorriso, o aperto no pulmão

E minha raiva contida que me faz trancar os dentes?

Será que consigo conviver com o amargo

Que sái de mim e desliza pelo chão?

O fel gotejante que vem de um peito largo

E me corrói aos poucos numa sufocante lentidão?

Será que tenho motivo pra chorar?

É mais simples não remoer, mas apenas viver

Sem draminhas de mimada a exagerar

Em coisas que nem cócegas deveriam me fazer

Sinto calos crescendo

Espero ser mais maturidade que venho bebendo

E servindo de couraça para probleminhas banais

Que devem ser vistos com bom humor, e pra não render-lhes mais importância

Digo que é isso: Sem mais!