Carta a Don Juan

*feita em 2003

Don Juan, não enxergas

Não vê a tua frente

A belíssima fortuna

Que guardas em teu ser...

Deslumbra a alma feminina

Com os dons te dados

Ao longo das existências

Das gerações terrenas

E usa-os para ferir

A crença daquelas que em ti

Vêem o brilho do amor...

Porém, sabe que castigas a ti mesmo

Em outrora fora ferido

Pela mesma lança que usa

Em tuas mãos e palavras

E fez da tua poesia o ópio dos sentimentos

Admiras em teu coração

A estética mais divina

Que um ser podia carregar:

A feminilidade

Porém, Don Juan, a negas

Com a veemência de uma alma

Profundamente ferida...

Mas Don Juan,

No jogo da vida,

Somos apenas peças,

E tua posição depende de ti mesmo...

És o artífice da conquista

Dos olhos cálidos

Das mulheres que querem

Ser amadas...

Porém, não enxerga

Que de ti és o pior artífice

Das conquistas de tua destruição

Permita-te angariar em ti o amor próprio...

Desvela em tuas palavras,

e em tua poesia,

Uma prosa contínua

Do teu eu com a vaidade

Tuas conquistas não serão mais que tristes lembranças...

Don Juan, enxerga com teus olhos

O brilho que há em ti

E inverta a lógica de teus pensamentos

E faça aquilo que te falta como ser

Porque se há de dominar

O amor dos outros

Há de dominar esse sentimento em ti

Há de fazer com que alguém,

No final desta história,

Justifique tamanha rebeldia

De um ser que por longos tempos

Procura em si próprio

O amor que desperta nos outros

Alexander Herzog
Enviado por Alexander Herzog em 18/07/2010
Reeditado em 21/02/2015
Código do texto: T2384588
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