Lua Negra
A menina quente e prateada por dentro
Suas palavras são cálidas e tão ácidas
Quanto o aceto balsâmico que tempera
A salada crua de poemas e de versos
A Lua Negra é a sua fonte de terror
Razão do pânico e do fervor sexual
Nos numerosos ritos cultuais
De religião secular e pagã
Ou assim se faz ser, menina
E entoa uma cantiga marcada
Pelo cio, rima e ritmo encadeado
Dos versos sutis e endiabrados
Mas é também, a Lua, sua fonte e flor
De experiência psíquica transformativa
E enriquecedora do mundo interior:
Faz-te liberta da tua existência cativa
A Lua Negra a conduz diante do teu deus,
Dons mágicos e nascentes segredos da vida.
O medo, como o amor, e teus encantos
Podem se tornar um apelo para a consciência
Persistindo o contato com o medo,
Encontra-se o inconsciente, o numinoso
O desconhecido, o obscuro e o incontrolável.
Por isso, não nos desagrada hoje que a Lua Negra
Provoque ainda medo e, por que não, na noite nos seduza!