Liberdade!

Liberdade!

O tempo

esvazia a hora

e transforma em gesto

o pulsar de um ato,

a pulsão do incesto,

encerrando a vida,

que carcomida

cai combalida

e, então, se arrasta

catando os restos.

O medo

cerceia a morte,

se faz mais forte

do que a libido.

A Liberdade,

se vê mais tarde,

jamais parece

ter existido.

O sonho

como uma estrela

nos guia o passo,

que só tropeça:

um pé descalço

caminha o avesso

buscando o espaço.

As garras doces

da mãe cruel

forjam o anel

que a simboliza.

E, impondo os ferros,

infensa aos berros,

nos escraviza!

Seja o destino

seguir a sorte,

pois toda parte

é horizonte.

P´ra que buscarmos

o que é distante?

Em toda parte,

está a morte

lançando um véu

por sobre a vida.

A Liberdade

é protelada

e, atropelada,

segue esquecida.

Essa é a verdade!

(Djalma Silveira)