O Príncipe das lágrimas de luz (conto-poesia)
Essa história nasceu de um sonho...
Era uma vez um pequeno príncipe
De um reino encantado
Reinava feliz
Com uma linda fada ao seu lado
Ele tinha um dom
Era tão alegre, que em tudo que tocava
Sua alegria irradiava
E tudo mudava de tom
Os jardins se enchiam de flores
O céu de cores
E as pessoas todas
Esqueciam suas dores
Mas ele tinha algo ainda mais especial
Quando as coisas iam mal
Triste chorava
E de seus olhos pedras preciosas saltava
O príncipe das lágrimas de luz, assim era chamado
E por todo seu povo era amado
E ao lado da sua fada
Felicidade por todo o reino espalhava
Mas um dia, o príncipe se inquietou
E com coisas novas sonhou
Queria se aventurar
Ir a lugares que até então só ouvira falar
Mui preocupada a fada pois se a dizer: Oh não!
Meu pequeno príncipe em outros lugares não poderei te proteger
Mas tanto o pequeno insistiu
Que a fada consentiu
E num cavalo branco todo emplumado
Partiu
E de seu reino encantado
Se despediu
Por noites e dias cavalgaram
Em tantos lugares passaram
E tudo era tão triste e estranho
Que sua felicidade diminuiu de tamanho
Por tudo o que viu
Fome, guerra, violência, frio
Era tanta tristeza
Que felicidade não mais sentiu
Até que o príncipe cansou
E numa casinha de madeira parou
E lá havia tanta humildade e amor
Que o sorriso em seus lábios voltou
A fada com as crianças da casa
Cantava e bailava
E o pai bem cedo levantava
E com afinco e vontade trabalhava
A mamãe cuidava da simples casinha
Como se esta fosse uma mansão
E todos com muita paz no coração
Viviam entoando uma belíssima canção
Os vizinhos a observar
Não deixavam de se espantar
Como sendo tão pobres
Eram tão felizes assim?
Foram logo perguntar
Com a curiosidade aguçada
E o pai respondendo disse
É meu príncipe e a minha fada
Um príncipe e uma fada?
Como os vizinhos
Não quiseram acreditar
O pai resolveu que iria provar
Uma grande festa ofereceu
E todos compareceu
A fada cantou
O príncipe dançou
E tão feliz ficou
Que de tanta alegria chorou
E de seus olhos veio a saltar
Mil pedrinhas brilhantes como o luar
Em alguns, algo bom nasceu
Em outros a inveja e a ganância cresceu
Como pode alguém diamantes chorar?
E logo quiseram aquelas pedras tomar
E naquele dia algo terrível se deu
O príncipe sumiu, desapareceu
Fora seqüestrado
E a chorar era obrigado
A fada sozinha a prantear
Pois se a cantar com som puro e lamuriante
De cortar o coração
Triste e angustiante
Contido de emoção
Tanto o príncipe chorou
Que por dentro secou
Não mais sentia amor
Não mais sentia dor
A fada sem saber por onde o procurar
Vivia a entoar seu eterno lamento
Até que seu canto também se calou
Não mais se lamentou
Para eles tudo se tornara indiferente!
Os dias se passaram
E com o tempo do príncipe e da fada
Não mais se lembraram
Em algum lugar seus pequenos corpos jaz
Procura-se um príncipe
Procura-se uma fada
Procura-se alguém
Que os conduza de volta ao seu reino encantado
Para que possam renascer
E mais uma vez reinarem lado a lado
Essa história reflete as coisas simples da vida que deixamos sucumbir em algum canto qualquer de nosso ser, perdidos, sufocados em meio à indiferença e a tantas outras coisas. São pedacinhos de risos, de sonhos, de lágrimas derramadas. É a nossa melhor parte, aquela que nos torna divino.
Então, vamos reencontrá-las?