Presente do tempo

Quando eu encontrar com a velhice,

As rugas encobrirão minha experiência.

Esconderão aos olhos alheios, o que a vida me deu.

Será agora privação toda minha vivência.

Estarei perto de me tornar alguém que a morte já sofreu.

As rugas farão de mim vitima de meu desprovimento,

Dependente de minha própria carência,

Independentemente de minha jovial abstinência.

Me farão filho do meu momento.

Oh a velhice!

Quando ela vem chegando, é assim como o amor:

No começo é uma coisa boa,

Mas depois vira recalque e dor.

Ah como eu gostava daquela vida à toa!

Tomando black; como um finíssimo senhor!

No balcão, sentado

Sem a mínima preocupação, feliz, aposentado.

Estou bem! Mas não como na minha juventude!

Que tudo era trabalho,amigos,mulheres

E um pouquinho de saúde.

Com uma cabeça tão infantil quão a das crianças,

Muito quase sempre sem esperanças,

Com saudade de quando era brincadeira,

Quando nada podia me atingir.

Quando o mundo era chupeta, mãe e mamadeira,

Tirando apenas a hora de dormir.

Com medo de escuro,

Pequenino, inseguro.

Louco por uma oportunidade pra sorrir,

Pra mostrar minha transparência

Ou pra apenas existir.

Assim como quando somos velhos e "sem experiência"

Procurando a existência que não há mais de vir.

Dell de Azevedo
Enviado por Dell de Azevedo em 17/07/2010
Código do texto: T2382454
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