JOSÉ.
José e sua marmita
Num esperar paciente
Pela vida vigente,
Pela vinda morosa
De um coletivo indecente
Cheio de gente
Iguais a ele,
Que como ele
Esperam pacientemente
A vida passar
Pela avenida
A sua frente.
José e sua fome
Num ponto disforme
Da avenida ilusão
Esperando esperança,
Esperando condução
Que a nada conduz
Que se atrasa, que se arrasta,
Pelas ruas de pouca luz,
Muito assalto e pouco asfalto,
Numa agressiva urbe
Onde João procura algo
Que não surge.
José e seu jeito
Num viver humilde
Porem com respeito
Esperando esperança
Que seu viver quase alcança
Na dança dos números
Que a estatística lança
Na mídia faminta
De maneira inconseqüente
De forma indistinta
Afirmando que José é gente.
É dono de uma fria marmita
Que não é ilusão
É simples desvio padrão.
( D'Eu )