JOSÉ.

José e sua marmita

Num esperar paciente

Pela vida vigente,

Pela vinda morosa

De um coletivo indecente

Cheio de gente

Iguais a ele,

Que como ele

Esperam pacientemente

A vida passar

Pela avenida

A sua frente.

José e sua fome

Num ponto disforme

Da avenida ilusão

Esperando esperança,

Esperando condução

Que a nada conduz

Que se atrasa, que se arrasta,

Pelas ruas de pouca luz,

Muito assalto e pouco asfalto,

Numa agressiva urbe

Onde João procura algo

Que não surge.

José e seu jeito

Num viver humilde

Porem com respeito

Esperando esperança

Que seu viver quase alcança

Na dança dos números

Que a estatística lança

Na mídia faminta

De maneira inconseqüente

De forma indistinta

Afirmando que José é gente.

É dono de uma fria marmita

Que não é ilusão

É simples desvio padrão.

( D'Eu )

Sidnei Levy
Enviado por Sidnei Levy em 10/06/2005
Código do texto: T23824