Reflexões
*feita em 2000
E cheguei em determinado
Ponto da minha linha do tempo
Com muitas experiências
Vividas na intensidade de minha mente.
Quando era criança
As coisas pareciam mais claras
Pela brevidade
Com que os acontecimentos me acolhiam.
Esperava muitas coisas simples
E outras tantas glamourosas
Apresentadas pela
Minha imagem glabra no espelho.
Entre brincadeiras bem encadeadas
Treinava minha coerência
E cuidava de construir
Uma imagem suave do mundo.
A vida estava cheia de espaço.
E a ausência da realidade que me esperava
Permitia-me respirar
Com muito mais tranquilidade e paciência...
Mas não era assim a vida.
E o que nunca temia,
Por nunca havê-lo imaginado,
Chegava aos poucos de forma translúcida.
Várias vezes intuí
Que o pior havia de chegar
E até me comportei, às vezes,
Como quem caminha para a desilusão.
Então muitas coisas se passaram
E esqueci o que era próprio de criança
Me enveredando por caminhos
Ladrilhados pela angústia.
Mas assim mesmo me poupei
De muita coisa tida como irresponsável
Pela exclusão baseada
Na responsabilidade que acreditava carregar.
A vida é assim mesmo.
Pouco sabemos sobre
Como lidar com ela.
É só ser humilde e se chega a essa conclusão.
E agora, chegar ao meado
De minha terceira década de vida
A confusão é um atributo
Tão natural quanto a sede em dia de calor.
As lembranças sobre o que um dia
Fazia deitado no telhado
É a referência mais sólida
De uma personalidade que busca a paz.
Eu não sabia,
Mas as noites deitado no telhado
Me acompanhariam em várias
Ocasiões da vida.
Quando tinha uns onze anos
Que era bom.
Nas noites de dúvida
Deitava-me no telhado e respirava as estrelas.
Eu não sabia que a vida mais feliz que tive
Era aos doze anos de idade
Vendo as estrelas se deslocarem
Lentamente no céu.
E nessa época
Deitado no telhado
Lendo Robinson Crusoé
E Alguma Poesia de Drumond
Imaginava que talvez minha vida
Fosse, um dia, mais bonita que a deles.