Devaneio

Sou o delírio que a olha,

O medo que te veste,

A dor de sua entranha,

A seiva do fel...

E num dia frio,

Enchi teu cálice,

Brindei ao nada,

Apenas para beber-te,

Eu sou o horizonte entre o infinito decaído,

E a alucinação das negras rosas,

Espinhos doces,

Em cortes e abismos,

Sou a noite morta,

Perfume de vinho,

Essencial d’alma...

Sou todas as coisas, e elas nada são...

Dissipando ilusões,

Amputando sonhos tolos,

Dando a luz ao alvo e sórdido sentir sem face,

E no pérfido beijo,

A virgem torna-se minha... Em corpo, carne, “alma”... Toda minha...

De todas as formas e em todos os lugares...

Enfim,

... Sou,

Silêncio...

Cristal despedaçado...

Pedaços perdidos...

Precipícios sem reparos...

Enfim,

Eu,

Apenas eu...

Diego Martins
Enviado por Diego Martins em 15/07/2010
Código do texto: T2380157
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