Devaneio
Sou o delírio que a olha,
O medo que te veste,
A dor de sua entranha,
A seiva do fel...
E num dia frio,
Enchi teu cálice,
Brindei ao nada,
Apenas para beber-te,
Eu sou o horizonte entre o infinito decaído,
E a alucinação das negras rosas,
Espinhos doces,
Em cortes e abismos,
Sou a noite morta,
Perfume de vinho,
Essencial d’alma...
Sou todas as coisas, e elas nada são...
Dissipando ilusões,
Amputando sonhos tolos,
Dando a luz ao alvo e sórdido sentir sem face,
E no pérfido beijo,
A virgem torna-se minha... Em corpo, carne, “alma”... Toda minha...
De todas as formas e em todos os lugares...
Enfim,
... Sou,
Silêncio...
Cristal despedaçado...
Pedaços perdidos...
Precipícios sem reparos...
Enfim,
Eu,
Apenas eu...