Posso tudo quando estou poeta

Andei por caminhos estreitos a

passos largos...

Diziam-me que me perdia

Ao contrário, me achei.

Diziam-me que estava errada.

Contudo, acertei.

Cruzei tortuosos caminhos

Sorri, chorei, lamentei...

Feri-me nos espinhos da vida.

Curei-me.

Feri-me de novo! Sangrei...

E repetindo tudo outra vez, sarei.

Mirei a face em riso num espelho

amigo.

Fiz cara e bocas e torci nariz...

Fingi ser modelo.

E diante dele desfilei...

Em momentos de atriz,

também fui feliz.

num grande palco imitei...

Soltei a voz suave e cantei.

Sob olhares ensaiei, dança sensual

E realizei-me.

A ninguém engana, o meu perfil

de sonhadora.

Um suspiro me alerta

Que nada sou e nem fui...

apenas um consolo me resta

Posso tudo...

Quando estou poeta.