Um Perdulário das Paixões

Assim é o Poeta

Que imagina um Mundo só seu

Cria as fantasias do seu coração

E as lança no Picadeiro da vida

Aqui tens um Poeta das paixões

Um poeta que ri das desgraças

Que chora das alegrias

Porque vê um Mundo que você não vê

Um mundo que existe só para ele

e muitas vezes é este Mundo imaginário

Que o faz viver, sobreviver, ver o sol nascer

Cria-nos os sonhos que nunca teve

Realizações que nunca terá

É um paciente idoso e terminal numa UTI pré-natal

Ajoelha-se aos pés da Cruz

E vai embora levando a Cruz

Deixa aos demais sem pecados

Tentando absorver um Mundo de misérias e seduções

Como se fosse um Cristo renascido

Lamenta a noite que encobre tudo

Mas não encobre ao coração

Suspira pelo amor que chega

Sabedor que as horas são contadas

E as dores aguardam na fila

A saudade é a sua companheira

Porque vive a se retalhar,

Prostitui seus pensamentos

Na procura de antídoto para os demais

É um abastado vivendo nos barracões

É um pedinte vivendo nas mansões

É um rico que distribui esmolas

Olhando nos olhos de quem chora

Ali se alimenta, ali bebe o sangue

Ali se contradiz ali se revela

Ninguém no Mundo

Ama mais do que o Poeta

Chora mais do que o Poeta

Debocha mais do que Poeta

Destrói mais do que o Poeta

Cria mais do que o Poeta

Vive mais a Vida

Do que o Poeta Perdulário

Robertson
Enviado por Robertson em 15/07/2010
Código do texto: T2380060