Um Perdulário das Paixões
Assim é o Poeta
Que imagina um Mundo só seu
Cria as fantasias do seu coração
E as lança no Picadeiro da vida
Aqui tens um Poeta das paixões
Um poeta que ri das desgraças
Que chora das alegrias
Porque vê um Mundo que você não vê
Um mundo que existe só para ele
e muitas vezes é este Mundo imaginário
Que o faz viver, sobreviver, ver o sol nascer
Cria-nos os sonhos que nunca teve
Realizações que nunca terá
É um paciente idoso e terminal numa UTI pré-natal
Ajoelha-se aos pés da Cruz
E vai embora levando a Cruz
Deixa aos demais sem pecados
Tentando absorver um Mundo de misérias e seduções
Como se fosse um Cristo renascido
Lamenta a noite que encobre tudo
Mas não encobre ao coração
Suspira pelo amor que chega
Sabedor que as horas são contadas
E as dores aguardam na fila
A saudade é a sua companheira
Porque vive a se retalhar,
Prostitui seus pensamentos
Na procura de antídoto para os demais
É um abastado vivendo nos barracões
É um pedinte vivendo nas mansões
É um rico que distribui esmolas
Olhando nos olhos de quem chora
Ali se alimenta, ali bebe o sangue
Ali se contradiz ali se revela
Ninguém no Mundo
Ama mais do que o Poeta
Chora mais do que o Poeta
Debocha mais do que Poeta
Destrói mais do que o Poeta
Cria mais do que o Poeta
Vive mais a Vida
Do que o Poeta Perdulário