Gráficas e editoras
São maternidades dos livros,
As livrarias seus berçários,
As bibliotecas seus orfanatos
E seu asilo são os sebos.
E todos os livros são meus filhos...
Dormem nas estantes,
Amontoam-se na mesa,
Preguiçam, calados, sobre um banco.
E em minhas mãos se abrem,
E tornam-se tão tagarelas...
Riem e choram, metem medo,
Propõem mistérios, revelam segredos,
Aguçam-me sempre a curiosidade,
E sempre me despertam interesse.
Uns são alegres, outros sisudos,
Uns são muito tristes, outros obscuros,
Alguns são fáceis, outros nem tanto.
E são tantos, diferentes, inovadores,
E tantos são seus assuntos,
Poéticos, romanescos, científicos,
Metafísicos, ficcionais ou realistas,
E até mesmo sobrenaturalistas...
Devotos, ateus, gigantes, pigmeus,
Grossos, finos, leves, pesados,
E falam do presente, do futuro
E do passado, sobre o tempo,
De tempos que ainda não existem,
De tempos que não existem mais,
De tempos que nunca existiram
E de tempos que nunca existirão.
Falam de reinos, impérios,
De civilizações muito antigas,
Desse planeta e de outros,
Falam de estrelas, galáxias,
E, sobretudo, falam da vida.
Os livros são mágicos.
Conhecem meus olhos,
Meus gostos e desejos,
São amigos silenciosos
E companheiros fiéis.
Que me dizem da vida e do mundo,
Que me contam da realidade,
Que me insinuam alguma verdade,
Que me ensinam o quase tudo
Na fidedignidade do silêncio.
Os livros são flores palavras brotando
No jardim fecundo da imaginação.
Que me tornam ao mesmo tempo
Jardineiro, flor e jardim.
São pássaros com asas abertas
Em cujo dorso voamos bem alto
Saudando solenemente a imensidão.
Do finito de um efêmero epílogo
Que se eterniza quando se abre
Em voo ao infinito próximo capítulo
Em que cabe minha vida, tua vida
Em que cabem nossa vida, todas as vidas
No florir infinito da imaginação...


(Poesia On Line, em 15/07/2010)
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 15/07/2010
Reeditado em 05/08/2021
Código do texto: T2378958
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