Da porta prá fora

Mandaram eu calar minha boca

Calar meus apelos, meus gritos cansados

Mandaram calar meus desejos

Meus sonhos, meus medos, gemidos devassos

Me mandaram andar na linha

Seguir a moda, ter pedigree

Me mandaram sentar correto

Seguir as regras, ser mais "cri cri"

Querem que eu veja na tela

As nossas maselas, forjadas sem dó

Me querem pessoa domada

Calada, enrolada nesse imenso nó

Nós que somos filhos dessa corja

Queremos agora revolução

Nós entrelaçados no peito

Nomes escritos á sangue no chão

Para quê me impõe tuas vontades

Se a tua intimidade também é ilegal?

O meu desejo que proíbes é aquele que exibe

A tua cara na página policial

Desta ideologia barata

Recheada de falsa moral

Dela quero distância

Apnéia intelectual

Quero distância permanente

Dessa sociedade de agora

Que me obriga a ser gente

Da porta para fora.