A Canção
Hoje é o dia que nos faz querida
Os fatos passados nos abrem a ferida
E o canto pungente da alma descrente
Fenece os sonhos e abre a emoção
Nos coloca em palco e revela ilusão...
É dia que se faz minha heroína
Fenecem os sonhos de partida
E a emoção se erige de ruínas,
E o canto pungente silencia a mente
De repente pára o coração, ablução...
Os botões nos apertam, divina
Saias justas atrapalham a corrida
E o impávido claustro e aguerrida
Nos tolhe os sonhos e a vida
E encuba a graça de uma bailarina...
E o toque de música sutil e pungente
Faz crescente o amor em nossos corações...
Caminhemos convictos e mormente
Passo a passo nos olhos alegremente
E o verbo se faz em mundo e alegre canção....
Beije-me e regaste nossas feridas
Cure-me o amor e dê-me acolhidas
Dos meus cacos em meu peito e na absida
E repouse e em ti a suave emoção
Transmutando o estado abjeção...
Deixe-me vagar no andar de sua mente
Postar em teu seio minha visão ferozmente
E poder recolher de ti o passado e do claustro
Nos pegarmos loucos, nos amarmos no plaustro
A paixão felizmente e o austro no peito da gente
Meus dedos te invadem e premente a sua surdina
Gritos e aplausos são frutos de complacente bordina
E a noite entoa em teus tons uma bela e suave canção
Minhas mãos em ti tocam a melodia em laudina
E explode o decente gemido em estridor de paixão
Já é quase manhã minha querida
O tempo urge e impele a partida
Minha pele incandesce em ferida
Meu amor é de ti o puro preceito
O ardor fatigante em meu peito
Hoje é o dia e se desfaz querida
Os fatos nos cobrem em batida
E o canto perene da almas viventes
Reconstrói os sonhos e a comoção
Da razão que nos faz indigentes
Não chore querida,
Não esfrie sua paixão,
Pois o tempo é célere
Logo a noite me espere
E te faço outra canção