sorriso torto
as quatro horas
ergui aquele corpo fatidico
da cama
choveu a vida inteira
choveu nos sonhos
e nas crianças que brincavam la fora
coloco as velhas e molhadas
botas surradas
no pé a jaqueta de voô
nunca saiu do chao
logo martelavam lembranças geladas
na cabeça
e escorriam lagrimas antigas
que se evaporarao a tempo
pesadas sem pudor
entre olhos bocas e sorrisos
sim minha melancolia
dispara sorrisos tortos
naquele ceu nublado
dispara canções mortas
de poetas mortos
sobre amores abortados
sem piano o quarto insipido
respira poeira e papeis velhos
com rabiscos ilegiveis
sao fotografias que nunca sairao do varal
o violao empenou na minha cabeça
suas cordas cortadas enforcarao
os seis ratinhos que me ouviam tocar
em uma mansão um salao
milhares de camas
foi quando eu me levantei
as quatro horas da tarde
ergui aquele corpo fatidico
da cama
choveu a noite inteira
choveu a tarde inteira
choveu a vida inteira
e nas crianças que brincavam la fora...