sorriso torto

as quatro horas

ergui aquele corpo fatidico

da cama

choveu a vida inteira

choveu nos sonhos

e nas crianças que brincavam la fora

coloco as velhas e molhadas

botas surradas

no pé a jaqueta de voô

nunca saiu do chao

logo martelavam lembranças geladas

na cabeça

e escorriam lagrimas antigas

que se evaporarao a tempo

pesadas sem pudor

entre olhos bocas e sorrisos

sim minha melancolia

dispara sorrisos tortos

naquele ceu nublado

dispara canções mortas

de poetas mortos

sobre amores abortados

sem piano o quarto insipido

respira poeira e papeis velhos

com rabiscos ilegiveis

sao fotografias que nunca sairao do varal

o violao empenou na minha cabeça

suas cordas cortadas enforcarao

os seis ratinhos que me ouviam tocar

em uma mansão um salao

milhares de camas

foi quando eu me levantei

as quatro horas da tarde

ergui aquele corpo fatidico

da cama

choveu a noite inteira

choveu a tarde inteira

choveu a vida inteira

e nas crianças que brincavam la fora...

AbnerSohel
Enviado por AbnerSohel em 14/07/2010
Reeditado em 15/07/2010
Código do texto: T2377541
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