Ao poeta

Poeta, quem te acompanha nas horas,

momentos de mais despaciência?

Qual mão sobre teu ombro aflora,

Qual voz suave visita-te’a presença?

E se a Espera rouca te demora,

Onde o pranto seca: dentro, fora?

Donde vem a soidão co’ freqüência,

Da nuca, ou das espaldas tensas?

Donde nasceu o comércio dos homens,

Em verbos, ato e gesto adimplido,

Em objetos diferido? Qual nome

da confusão que a palavra come

engole, cospe e mantém a fome?

Razão? Esse silêncio ferido.