Essa casa mora no meio do deserto, deserto dos devaneios
Casa das palavras sem trava...
Elas pulam, saltam, correm...
Elas precisam sair, dar forma, dar nomes, e entender sentimentos.
O lugar é árido, e o habitante sedento, mas as palavras são mananciais
que jorram em seus pensamentos, e percorrem suas artérias.
Não é preciso paisagem para inspiração, só é preciso ter o dom.
Dom do encantamento...
Encantamento que é transferido para as palavras
que transforma um rio seco e infecundo, em um rio transbordante e vívido.
Esse rio desagua no mar...
Mar do coração de quem planta a poesia.
Fazendo profundas raízes no coração de quem a lê.
Há quem olhe ao redor dessa casa, e diga: que lugar feio, seco, sem graça.
Olharam só o exterior...
Na verdade, por dentro é um lugar cheio de riquezas, cheio de cores, cheio de idéias e vida.
Com tanta proeza, que só os especiais conseguem enxergar...
Pois é preciso mais que é um simples olhar, é preciso olhar com olhos da alma.
É preciso mais que sentir, é ter sensibilidade para distinguir.
Aí então, você verá reluzir a tal casa...
E o vendaval de folhas escritas à mão, que como redemoinhos saem pelas janelas em forma de furacão.