O SER E O TEMPO A TER...
O SER E O TEMPO A TER...
Tempo, tempo, tempo
Que faz de mim um ser
Escravizado nas tuas horas
Se não me há mais tempo
A perder
Será que existe tempo
Suficiente ainda agora
De ao menos um querer
Pra viver tudo que e motriz
Refazer o curso da correnteza
Que eu mesmo com as mãos desfiz
Sorrir de tudo que possa parecer certeza
Revivendo o que você me diz
E em meu coração a fortaleza
Dizendo que poderia ter tido
Só que vem você tempo
E aflito me contradiz
Mostrando-me o quão
Teu tempo é nervoso
Que desfaz desse dia, solerte
E recai nos ombros o tempo
Tão absoluto e poderoso
Num novo sambar em forma
Da mais negra noite
Tão turva e sombria
Formando assim teu açoite
A me curvar diante de tua zombaria
A fustigar-me cruelmente
Com a sombra do meu fim
Que se aproxima
Só quero eu divino tempo
E ao meu solto tempo
Retomar minha alegria
Que jurava ainda ser meu centro
De poder de tempos em tempos
Sair e curtir com você
Mesmo que só mais um pouco
Um bocado, um tantinho
Não num muito a minuto
A se perder
Nem que seja só um segundo fugaz
Ahhh, tempo, tempo, tempo
Que quando eu cair em si
Tu já não voltarás
Nunca, nunca, nunca
Nunca mais...